Quando se lê uma manchete sobre as possibilidades para a saúde e o bem-estar mental, em se poder aumentar a inteligência dos filhos e das pessoas através de um jogo como o xadrez, a atenção com a matéria jornalística é logo absorvida. Porém, lacunas no conteúdo da notícia trazem dúvidas sobre o que diz a reportagem.
Nela aparecem especialistas do Jogo de Xadrez (JX), neurociências e os benefícios para a sociedade. O campo de estudos para auxiliar a conhecer as diferentes áreas de interesses científicas e sociais é conhecido como Ciência, Tecnologia e Sociedade (CTS).
Para se investigar as dúvidas surgidas ao ler a reportagem dentro da área CTS, é necessária uma ferramenta que ajude a percorrer este verdadeiro labirinto que é o JX, um dos centros empíricos das ciências cognitivas, que se tornou instrumento de estudos da cognição humana (SIMON e CHASE, 1973). Questões culturais e históricas que envolvem o jogo, o simbolismo, a inteligência artificial (IA), as neurociências, mitos, lendas, todas as disciplinas conseguem achar seu espaço de interconexão com o xadrez. Porém, também será necessário “traduzir” o ator JX e fazer as associações com os interesses de outros atores. Assim, a Teoria Ator-Rede (TAR) de Bruno Latour é a ferramenta para adentrar neste labirinto.
A viagem por este labirinto passa através da história do xadrez, seus personagens, mitos e lendas; deve-se ouvir a opinião dos especialistas e apreciar suas considerações; conhecer a literatura científica de anos recentes das ciências cognitivas, que muitas vezes se baseiam em exames de neuroimagem e avaliações psicológicas e que sustentam a ideia dos benefícios do JX como uma tecnologia educacional e, mais recentemente, terapêutica e entrar no laboratório dos cientistas para conhecer como seus trabalhos, pesquisas e experiências, fornecem as provas e retóricas que sustentam suas teorias e hipóteses.
Após esta viagem pelo labirinto será possível construir um relato, um mapa com todos os atores encontrados pelo caminho, sejam eles humanos ou não, construindo um universo onde ciências e tecnologias estão contextualizadas na sociedade. Será possível, então, voltar à sociedade com o relato que poderá fornecer à opinião pública subsídios sobre as influências para o desenvolvimento cognitivo com o JX e as controvérsias da ciência em construção, ou os caminhos que trouxeram às manchetes dos jornais, as ciências cognitivas que buscam confirmar os fatos que fazem do JX um instrumento de estimulação cognitiva e terapêutica, além de lazer e esporte.
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